sexta-feira, 5 de março de 2010

Avaria de reactor nuclear afecta exames de cancro



A escassez mundial da substância radioactiva molibdénio é uma situação habitual que, recorrentemente, provoca atrasos na realização de exames de diagnóstico de oncologia e cardiologia. Desta vez, está em causa a paragem de um reactor na Holanda, responsável por 30% da produção mundial.

A situação faz com que muitos exames não urgentes tenham de ser adiados, o que também afecta clínicas e hospitais portugueses, segundo revelou ontem o "Diário de Notícias". A Autoridade Nacional do Medicamento confirmou a escassez, adiantando que o molibdénio "tem vindo a ser utilizado de forma moderada" devido aos problemas com os poucos reactores que o produzem.

Ouvida pela Lusa, a presidente da Sociedade Portuguesa de Radiologia e Medicina garantiu que a questão estava a ser abordada "a nível internacional". As centrais nucleares que produzem molibdénio são sete, sendo as mais importantes no Canadá e na Holanda. E ambas têm sofrido paragens nos últimos anos.

Usado em 80% dos exames

Ora, segundo a Associação Europeia de Medicina Nuclear, a grande maioria dos exames assenta num derivado do molibdénio, o tecnécio (cerca de 80%). A solução que está a ser equacionada passa pela construção de um novo reactor na Holanda, uma vez que o actual tem já 49 anos.

Segundo Lucília Salgado, até agora, os exames urgentes têm sido assegurados. "Houve alguns períodos mais críticos, mas não tem havido interrupção total de fornecimento". Apesar de haver exames alternativos, o molibdénio aquela matéria-prima faz falta. "É todo um sistema de trabalho que está a ser abalado porque os nossos equipamentos foram construídos de forma a poder ler com grande eficácia a energia do tecnécio".

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